Om
segunda-feira, novembro 28, 2011
sexta-feira, novembro 04, 2011
A bicicleta
Era velha, caloi vermelha
parecida com uma monareta. Tinta riscada.
Mas me levava pelo mundo afora,
pelas ladeiras de paralelepípedo, de vez em quando fugindo de algum cachorro,
de vez em quando empurrando quando furava a câmara de ar do pneu.
Das tardes quentes que passava na
casa do meu avô, sobram lembranças amareladas, com cheiro de terra seca levada
pelo vento. A bicicleta encostada a convidar um passeio por Pernambuco, ou pelo
corredor de caraibeiras da rua que dava na igreja de São Francisco, forrando o
chão de amarelo, nas mesmas tardes em que o calor traz toda aquela moleza, um
entorpecimento gostoso que só é afastado pelas gotas de suor que brotam no
rosto.
Poucos cruzeiros no bolso e o
mundo todo aos meus pés.
Uma volta no quarteirão era o
bastante para trazer notícias de terras distantes, enfrentar os maiores
desafios, fugir de alguns cachorros e chegar a tempo para lanchar e receber
carinhos da família.
Tomo mais um gole de café na
varanda de casa, respiro fundo... é manhã, o sol ainda a se levantar preguiçoso.
Lembro de uma música que meu amigo escreveu sobre uma bicicleta. Acabo por
passar o dia cantarolando ela, só pra ir deitar ao fim do dia cansado... bocejando,
falando com meus botões: é.. acho que vou comprar uma bicicleta... isso... vou
comprar... vou... Zzz
Veja só - Castor Luiz
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