Corro contra o tempo, como
um atleta que bebe xícaras e mais xícaras de café durante uma maratona.
Tênis allstar para um velho, enorme e desajeitado trabalhador que não
para de correr. Enfim que termino por chegar aonde comecei. Como um eterno
retorno de poucos anos. Acabo por retornar diferente à olhar onde comecei a
mais de 4 anos atrás.
O mesmo tênis, alguns
quilos a mais, alguns brincos a menos. Cansado. Com medo de recomeçar, com medo
de continuar onde se está. Voltar a voltar na contramão dos que acordam cedo
para o trabalho, sozinho e com sono ao raiar o dia.
Respiro fundo como
estivesse a pular no fundo do rio. Ajeito os óculos embaçados pelas marcas dos
meus dedos. Decido que quero correr por outros caminhos, fracassar por tentar e
não a minha revelia, como se escrever fosse um ato dos dedos, involuntariamente
ao desejo de quem escreve, independente de que saiba o que deseja ou o que quer
que seja que desconheça ao escrever.
Cadarços bem atados, a sola
do allstar descolando- tudo bem.
Vamos ver até onde ele aguenta a próxima corrida.
Trilha sonora: