Vivo sob o jugo de ser máquina. Da engrenagem que sustenta seu semelhante, gasto os dentes a impulsionar a outra roda.
Não vivo mais, opero. Meus erros obedecem à causas e consequências matemáticas. A máquina avança sempre, nunca questiona, nunca dúvida. A máquina, antes de tudo, é comandada, é operada pelo outro que a utiliza como mero instrumento para um fim.
Descartável. Findo meu prazo de validade, sem manutenção, escuto um "percebemos que o senhor já não vem dando conta do trabalho como antes".
O coração já não tem mais força para bombear o fluído que abastece músculos e vísceras. O chassi mole escorre, mostrando as deficiências do corpo, e a casa de máquinas, no sótão, já não governa a máquina sem emoções.