Porque bebo o café forte, na varanda olhando a chuva, é em você que penso. Como se cada gole no café quente e doce fosse uma lembrança de cada beijo, já dado e ainda por vir.
Porque é a saudade que presentifica sua falta.
Leio trechos do livro do Henry Miller, pensando em nós, no encontro dos lábios e dos desejos mais sinceros de nossos corpos.
Olho a chuva por entre a fumaça da caneca fumegante. Amo a chuva porque sei que você ama a chuva. Amo você, porque sei que amo você, porque não há motivos que justifiquem o que eu sinto.
Toca uma velha e linda canção dos Smiths que você odeia, ah meu amor mas como me faz querer estar com você.
Lhe conto meus sonhos pelo telefone, falamos dos nossos cotidianos. Trocamos confidências, segredos que não ousaríamos dizer a mais ninguém.
Cuido daquilo que, em você, me faz te amar em silêncio, sem cobranças. Cuido porque o que me era corpo já não me pertence, é seu, para fazeres o que quiser.
Penso em palavras que pudesse dizer sobre cafés, chuvas e saudades sem parecer piegas, mas não consigo por causa do frio. Estou só a olhar a chuva no escuro. Penso em textos, em frases soltas.
E a única palavra que me vem à mente é saudade.