Ando me perdendo na vida de um outro, lendo passo-a- passo as sobras de uma vida que agora tornou-se pública.
Tenho um pouco de pudor de ler biografias, mas leio essa com a lentidão de quem sabe como termina a história e não quer chegar ao final.
Ler a história do Renato (sim só Renato), está sendo meio que me apoderar de uma história de um período que foi meu também e que, por ser uma criança, se mostra as vezes tão distante e enevoado em minha mente.
Tenho me descoberto de repente lá, nas entrelinhas, com os mesmos amigos, bebendo, filosofando e discutindo literatura, na varanda de Carol’s, com o Castor e Pepel até amanhecer, enquanto passa um filme russo na TV, pra depois voltar pela orla, sentindo a brisa fria do mar, cantarolando e sentindo o vinho fazer efeito...
Na verdade tudo é pretexto para lembrar de bons momentos...
Ler a vida de outro é curioso, algo de um voyeurismo mudo, mas que ameaça se apresentar a qualquer momento. Eu ainda tenho pudor... não consegui terminar o livro em que haviam sido publicadas as cartas de Clarice Lispector à suas irmãs.
Toda história merece ser contada, e essa é uma boa história, uma história de pessoas reais.
Como você e eu.
Trilha Sonora:
Legião Urbana: Tempo perdido
Um comentário:
Tempestade,
Tenho o anseio quase palpável de possuir amigos com estas particularidades... quando você relembra estes momentos de literatura, de sentimentos, uma parte minha grita, esperneia e quase me abandona (2/3 de meu S2)... Felicito-o por reconhecer o lado indecoroso de esmiuçar a vivência de outrem e sermos reais tão quanto eles. Um abraço...
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