Podia se dar ao luxo de acreditar em sua fantasia, a vida dura e as horas de trabalho iram dar uns 4 dias de sossego. Derby no bolso, só um trago nesse calor infernal ao descer a ladeira para ir à casa de Joana. Pensava que era destino, essa história de nomes parecidos era coisa de novela para ele. Misturava frevo e samba, camisa já começando a ensopar, o som das troças ao longe. Para descer ladeira todo santo ajuda.
Na frente da casa de muro baixo via pela janela Joana a montar a fantasia de colombina. Cabelos presos em coque, boca vermelha, lágrima pintada no canto do rosto. Colombina de Olinda tem outras feições e feitiços.
A portinhola do muro escancarada a denunciar a fuga dos dois. Mãos dadas e risadas altas, Capibas e Elefantes.
Um malandro e uma colombina a andarem pelas ruas e vielas mudando de troça em troça, a olharem os prédios do alto da Sé. Beijo com sabor de tapioca de coco. Só no carnaval mesmo.
Amanhã ele de Arlequim, ela de rainha de bateria. No dia seguinte ele de homem das cavernas, ela de gueixa. Nunca acertavam na fantasia, só na alegria. Mas essa história de nome parecido, só podia ser destino mesmo. Não sabia o que isso queria dizer na verdade, mas repetia pra si a cada olhar, sem se incomodar com os empurrões, o desodorante vencido dos outros foliões, nem com o calor infernal.
Repetia para si, só pode ser destino. Destino de carnaval, é isso!
Não sabia o que isso significava, mas mesmo assim, era destino de carnaval.
Como se o destino do carnaval não fosse morrer em cinzas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário