Trilha Sonora:
As ruas do
Recife me lembram Dublinenses...
Dos prédios
altos do centro por onde a luz do sol se infiltra criando aquela bolha de calor
que se mistura aos cheiros do que escorre pelos bueiros, caminho me atrevendo,
de vez em quando, a olhar para o alto e imaginar as histórias por trás de cada
janela dos prédios antigos que levam a uma das pontes que cruzam o Capibaribe.
Milhares de
pessoas e suas histórias pessoais se cruzam na Boa Vista... eu no meio. No meio
de histórias que são um pouco minhas também, de sofrimentos e alegrias que não
são meus.
Sentado ao píer
do marco-zero defronte ao monumento fálico de Brennand, olho o navio ancorado
perto dos armazéns, enquanto o vento assanha ainda mais meus cabelos... um
terral que precede o chover. Já vi alguns sois nascerem por lá antes de
percorrer as pontes e pegar o ônibus pra casa, cantarolando uma música ou outra.
Caminho pelas
ruas de Casa Forte com meu irmão, revejo meu nome na Madalena e passo algumas
noites na Cidade Universitária. Observo tudo com um ar de novidade, por vezes
com uma sensação de estranheza do mundo, como caminhar pelo MASP, pelo mercado
público de Porto Alegre ou alguma praia de Natal. Tudo novo de novo.
Sento em um
dos bancos em frente ao lago da universidade federal e como pipoca, rindo das
bobagens da vida cotidiana, nostálgico das minhas histórias, pequenos pedaços
compartilhados com os amigos: aquela volta pra casa, com o carro cheio,
cantando Belle e Sebastian com Carol; à tarde desenhando o livrinho infantil
com minha esposa, Lula e Thais; as conversas na livraria cultura com Marcinha;
aquela internação de urgência que fiz com Silvinha e que rendeu boas risadas
depois de todo o sufoco; as noites por vezes solitárias no recife antigo
madrugada adentro passadas pelos lugarzinhos undergrounds que hoje já não
existem; o fim de festa no Garagem; as sessões de cinema francês da Fundaj
discutidas posteriormente com Renatinha e Pepel... minha rede na varanda e os
aviões que teimam em sobrevoar meu prédio.
Por vezes me
perco em minhas memórias só para depois me surpreender ao me encontrar nas
linhas que escrevo.
2 comentários:
Meu amigo, você me surpreende com tamanha sensibilidade. Você consegue transformar a vida em poesia. Estou emocionada e lisonjeada.
Obrigado pelos elogios Silvinha!
Abração
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