terça-feira, dezembro 06, 2011

Recife de lembranças



Trilha Sonora:
As ruas do Recife me lembram Dublinenses...
Dos prédios altos do centro por onde a luz do sol se infiltra criando aquela bolha de calor que se mistura aos cheiros do que escorre pelos bueiros, caminho me atrevendo, de vez em quando, a olhar para o alto e imaginar as histórias por trás de cada janela dos prédios antigos que levam a uma das pontes que cruzam o Capibaribe.
Milhares de pessoas e suas histórias pessoais se cruzam na Boa Vista... eu no meio. No meio de histórias que são um pouco minhas também, de sofrimentos e alegrias que não são meus.
Sentado ao píer do marco-zero defronte ao monumento fálico de Brennand, olho o navio ancorado perto dos armazéns, enquanto o vento assanha ainda mais meus cabelos... um terral que precede o chover. Já vi alguns sois nascerem por lá antes de percorrer as pontes e pegar o ônibus pra casa, cantarolando uma música ou outra.
Caminho pelas ruas de Casa Forte com meu irmão, revejo meu nome na Madalena e passo algumas noites na Cidade Universitária. Observo tudo com um ar de novidade, por vezes com uma sensação de estranheza do mundo, como caminhar pelo MASP, pelo mercado público de Porto Alegre ou alguma praia de Natal. Tudo novo de novo.
Sento em um dos bancos em frente ao lago da universidade federal e como pipoca, rindo das bobagens da vida cotidiana, nostálgico das minhas histórias, pequenos pedaços compartilhados com os amigos: aquela volta pra casa, com o carro cheio, cantando Belle e Sebastian com Carol; à tarde desenhando o livrinho infantil com minha esposa, Lula e Thais; as conversas na livraria cultura com Marcinha; aquela internação de urgência que fiz com Silvinha e que rendeu boas risadas depois de todo o sufoco; as noites por vezes solitárias no recife antigo madrugada adentro passadas pelos lugarzinhos undergrounds que hoje já não existem; o fim de festa no Garagem; as sessões de cinema francês da Fundaj discutidas posteriormente com Renatinha e Pepel... minha rede na varanda e os aviões que teimam em sobrevoar meu prédio.
Por vezes me perco em minhas memórias só para depois me surpreender ao me encontrar nas linhas que escrevo.



2 comentários:

Silvinha disse...

Meu amigo, você me surpreende com tamanha sensibilidade. Você consegue transformar a vida em poesia. Estou emocionada e lisonjeada.

Eduardo disse...

Obrigado pelos elogios Silvinha!

Abração

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