E
eu me lembrei de você, ó maninha, porque aqui já não estava e deixara muita
saudade aos teus amigos, com os quais me encontrava quase que diariamente.
Então
olhei ao redor e rezei, ó maninha. Para quem, não sei, porque não acreditávamos
nos deuses, mesmo sabendo que todos eles existiam nos pormenores daquilo que
ignorávamos. Pedi por proteção para nossa mãe.
Voltando pelo corredor de árvores em
flor, também me lembrei de mim e da conversa que tive sobre os avanços da
tecnologia e de como éramos povos primitivos em um futuro-presente.
Da
incompatibilidade das lembranças dos nossos filhos e das nossas próprias, do Homo
sapiens sapiens que não reconhece a si mesmo em nós primitivos,
de valores e lembranças primevas perdidas.
E,
cansado da labuta, da luta pela sobrevivência sentei na varanda, a coçar a
barba por fazer, sem pensar em nada. Olhei os gatos a andarem sobre os telhados
das casas.
Acendi
um cigarro escondido e brindei a você e a todos os demais entes queridos que, a
bem da verdade, nunca se foram.
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