Abandonei
minha fé, muitos anos atrás. Vovó foi testemunha da minha queda.
Vovó
e seu terço de brilhantes, disse que rezaria por nós dois, que eu poderia
ter-Lhe abandonado, mas Ele não haveria de me abandonar.
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Ele acredita em você – ela dizia – assim como eu.
Dela
eu não esqueci. Dos nós de seus dedos, à passarem conta-por-conta; do sussurro
inaudível, como se rezasse de um só fôlego; dos santos à competirem por cada
centímetro de espaço em sua cômoda do quarto, ao lado do mosquiteiro azul.
Desde
então encontro pequenos milagres cotidianos. Eu, descrente, fui condenado à
ser testemunha dos milagres e dos santos, com os quais esbarro na capital. Os
santos estão na capital, andando no meio do centro da cidade, lá onde Ele, vez
por outra, atravessa na faixa, quando o sinal fecha.
E
eu, por medo, abaixo o rosto e finjo que não o vejo, simplesmente porque finjo
que não mais acredito.
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