Fumo outro cigarro.
Olho as nuvens, passando esparsas no céu estrelado de um quarto crescente.
Sopro desejos pelos tragos do cigarro. Cosmonauta, preso ao chão, à sentir saudade de ver a terra do espaço.
A fome, a rondar as ruas desertas das madrugadas, à escuta dos sussurros.
Vejo o mundo, do alto do terceiro andar. Escuto o lamento noturno dos viúvos, ensurdecedoramente silencioso na madrugada.
Sopro nuvens, me atirando do parapeito noite após noite.
A fome ronda o quarteirão. Olho para ela, iluminado pela brasa do cigarro a acabo de acender.
No coração das trevas, a fome.
Há fome.