Olho a chuva pela janela do consultório. As copas das árvores revoltas, dançando. Barulhos de carros ao longe.
Fico a olhar, deixando a claridade entrar na sala escura, iluminada pelo abajur de luz amarela. Sou um baú de ossos e segredos. Dos segredos dos outros, pois os meus já não se fazem obscuros para mim.
A silhueta negra de um gigante, à olhar a rua pela janela da sala, como uma estátua de granito. Vejo a mim como um outro, que olha a si como a um outro. Procuro meus óculos no bolso interno do blaser, só para lembrar que os deixei.
Óculos de brinquedo, que uso pra me proteger dos olhares. Não passo de um semblante para os olhares, que vêem tudo, menos a mim.
Passo a mão nos cabelos desgrenhados, lembrando histórias de livros, lendas e profecias. Lembro de também correr na chuva. Entrei num café uma vez, estava com frio, ensopado, com medo. Perdi meu allstar na chuva. Fui levado por elas muitas vezes. Voltei de algumas.
Poderia contar diversas histórias antigas como se eu mesmo as tivesse vivido repetidas vezes, as que vivi, poucas vezes as contei. Escrevo mentiras verdadeiras, teço tramas que irão me prender mais a diante. Eu profecio tormentas.
E no final sempre estou a olhar a chuva, na busca de algo perdido, que encontro no cheiro da terra molhada.
Fico a olhar, deixando a claridade entrar na sala escura, iluminada pelo abajur de luz amarela. Sou um baú de ossos e segredos. Dos segredos dos outros, pois os meus já não se fazem obscuros para mim.
A silhueta negra de um gigante, à olhar a rua pela janela da sala, como uma estátua de granito. Vejo a mim como um outro, que olha a si como a um outro. Procuro meus óculos no bolso interno do blaser, só para lembrar que os deixei.
Óculos de brinquedo, que uso pra me proteger dos olhares. Não passo de um semblante para os olhares, que vêem tudo, menos a mim.
Passo a mão nos cabelos desgrenhados, lembrando histórias de livros, lendas e profecias. Lembro de também correr na chuva. Entrei num café uma vez, estava com frio, ensopado, com medo. Perdi meu allstar na chuva. Fui levado por elas muitas vezes. Voltei de algumas.
Poderia contar diversas histórias antigas como se eu mesmo as tivesse vivido repetidas vezes, as que vivi, poucas vezes as contei. Escrevo mentiras verdadeiras, teço tramas que irão me prender mais a diante. Eu profecio tormentas.
E no final sempre estou a olhar a chuva, na busca de algo perdido, que encontro no cheiro da terra molhada.
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