domingo, julho 21, 2019

O grito





Levo as mãos aos ouvidos
e grito, com todas as minhas forças, sentindo o leve gosto metálico que sobe pela garganta, da qual irrompem veias que se dilatam em meu pescoço.
É noite.
Eu grito com desespero. Tusso. Volto a gritar.
Lá fora, o silêncio.
Aqui dentro, o vazio.
Um grito surdo que ninguém ouve.
Levanto. Vou até a janela e escuto
o barulho da noite, o som dos ventos de julho.
Escuto o grito da natureza.




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