É noite. Escrevo e leio. Releio
Olho os livros espalhados pela escrivaninha e passo a folheá-los.
Me deparo com um trecho sublinhado por mim, já a algum tempo, e percebo o quanto ele continua a fazer sentido pra mim.
"Escrevo,
sim, para enterrar e honrar os mortos, sobretudo se eu for historiador. Escrevo
também para enterrar talvez meu próprio passado, para lembra-lo e, ao mesmo
tempo, dele me livrar. Escrevo então para poder viver no presente. Escrevo, enfim,
para me inscrever na linha de uma transmissão intergeracional, a despeito de
suas falhas e lacunas. Assim como leio os textos dos mortos e honro seus nomes
no ato imperfeito de minha leitura, também lanço um sinal ao leitor futuro, que
talvez nem venha a existir, mas que minha escritura pressupõe. Lanço um sinal sobre
o abismo: sinal de que vivi e de que vou morrer; e peço ao leitor que me
enterre, isto é, que não anule totalmente minha existência, mas saiba
reconhecer a fragilidade que une sua vida à minha." -Jeanne Marie Gagnebin
Nunca duvidei do porquê sempre escrevi, nem de para quem sempre escrevi.
Escrevo pra você.
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