Bem...
Mais um ano de Tardes Quentes de Outono. Mais uma reflexão anual de tudo que sempre procuro refletir diariamente...
De 4 anos pra cá muita coisa mudou, não só a minha forma de escrever. Quem voz escreve não é mais o mesmo a muito tempo, e hoje sou menos o mesmo que pensava que escrever era apenas um exercício de desabafo.
De jovem recém ingresso na faculdade a um jovem adulto recém formado, a procura de emprego e praticamente casado, há um abismo que já não tenho coragem de olhar para ver se vejo seu fundo.
Das mortes, dos choros, dos desamores, das inseguranças procuro levar as lições agora. Tenho me sentido cansado de ter o coração negro como piche de tanto carregar as amarguras, e mesmo assim ainda me prendo com mesquinhes às pequenas coisas que me fazem sofrer. Tento ser mais leve, e até minha esposa se esforça em reconhecer minhas mudanças.
Não tiro mais fotografias como antes, e escrevo cada vez menos. Respiro a loucura diária da procura de emprego, das preocupações com as contas e da falta que entes queridos me fazem. Já não tenho os cabelos que me caiam pelos ombros, indo ao meio das costas e já não tenho as crises de depressão que tinha antigamente. Hoje vivo em momentos de uma doce melancolia, que cada vez mais me apaixona.
Minhas tardes quentes sobreviveram. Deus! Quem diria que esse espaço faria 4 anos, nem todos mosquitos da dengue hemorrágica parecem ameaçar minha criança de 4 anos. Sim, minha criança de humor próprio, de vida própria que já corta seus cordões umbilicais com seu criador... Algumas vezes chego a pensar que mesmo se eu fosse encontrado com a cabeça estourada em plena cozinha em um sábado pela manhã, haveriam tanta produção de posts quanto agora.
Humores negros a parte, sopro todas as suas 4 velas de aniversários e a dos 40 aniversários que ainda não fiz.
Entre um café forte e um cigarro as linhas que vejo adiante dão reviravoltas incansáveis e dessas linhas-da-vida que vejo em minhas mãos poucas são as constantes... meus alicerces estão nas pessoas que amo, sempre estiveram.
Sempre esqueço de lembrar de agradecer aos grandes amigos que muitas vezes me foram tudo. Tudo cabe muita coisa, e ainda sobra espaço. Tudo talvez defina meus sentimentos.
Nesse 4 anos de tardes quentes já escrevi sobre coisas engraçadas, poemas, resenhas, contos, recentemente tive a audácia de postar uma música na voz de meu criador. Sempre quis escrever sobre tudo e tudo ao mesmo tempo, mas tudo é muito e logo vou morrer assim que fique velho o suficiente para não processar mais as substâncias orgânicas e inorgânicas que sustente a engrenagem biológica da vida.
Hoje, me lembrei do primeiro aniversário do Tardes. Escrevi o blog tinha uma função e que muitas vezes "...quando eu preciso releio meu passado aqui, meus posts escritos durante as madrugadas... e lembro que ele não está perdido ou esquecido na minha memória, que pude compartilhar ele com outros que não conheço, mas que me conhecem em parte..."
E hoje ao reler meu passado eu tenho a mais plena certeza que o que passou não está esquecido. Dizem que você morre quando a ultima pessoa que se lembra de você acaba por esquece-lo... E eu, por ser um personagem, tenho medo de ser esquecido por quem me escreve... quem vai se lembrar quando eu me for? Quando a minha história enfim terminar e eu não estiver aqui, algo será lembrado?
É estranho não é? Em um post de aniversário, eu acho q falei mais de morte do que em todos os posts desse ano. Talvez seja porque a cada aniversário, assim como a cada capítulo de um livro, temos a certeza de que o fim está chegando. Estou terminando de ler um livro de Kafka. Quando será que eu terei sido lido por completo?
Dessas coisas nós nunca sabemos, não é?
Agora no fim do post eu me sinto melhor... é a vantagem de se estar chegando ao final. Há sempre uma sensação de alívio quando se termina algo.
Acho que vou dar uma volta... você não quer vir comigo? Se você quizer eu posso ficar calado, só quero caminhar nesse fim de tarde com alguém... hoje tenho menos medo da morte do que da solidão.
Obrigado a todos que fizeram desse espaço um lugar habitável para todos os nossos sentimentos.
Trilha Sonora:
(quem souber a letra vai entender a opção desse post)
Mais um ano de Tardes Quentes de Outono. Mais uma reflexão anual de tudo que sempre procuro refletir diariamente...
De 4 anos pra cá muita coisa mudou, não só a minha forma de escrever. Quem voz escreve não é mais o mesmo a muito tempo, e hoje sou menos o mesmo que pensava que escrever era apenas um exercício de desabafo.
De jovem recém ingresso na faculdade a um jovem adulto recém formado, a procura de emprego e praticamente casado, há um abismo que já não tenho coragem de olhar para ver se vejo seu fundo.
Das mortes, dos choros, dos desamores, das inseguranças procuro levar as lições agora. Tenho me sentido cansado de ter o coração negro como piche de tanto carregar as amarguras, e mesmo assim ainda me prendo com mesquinhes às pequenas coisas que me fazem sofrer. Tento ser mais leve, e até minha esposa se esforça em reconhecer minhas mudanças.
Não tiro mais fotografias como antes, e escrevo cada vez menos. Respiro a loucura diária da procura de emprego, das preocupações com as contas e da falta que entes queridos me fazem. Já não tenho os cabelos que me caiam pelos ombros, indo ao meio das costas e já não tenho as crises de depressão que tinha antigamente. Hoje vivo em momentos de uma doce melancolia, que cada vez mais me apaixona.
Minhas tardes quentes sobreviveram. Deus! Quem diria que esse espaço faria 4 anos, nem todos mosquitos da dengue hemorrágica parecem ameaçar minha criança de 4 anos. Sim, minha criança de humor próprio, de vida própria que já corta seus cordões umbilicais com seu criador... Algumas vezes chego a pensar que mesmo se eu fosse encontrado com a cabeça estourada em plena cozinha em um sábado pela manhã, haveriam tanta produção de posts quanto agora.
Humores negros a parte, sopro todas as suas 4 velas de aniversários e a dos 40 aniversários que ainda não fiz.
Entre um café forte e um cigarro as linhas que vejo adiante dão reviravoltas incansáveis e dessas linhas-da-vida que vejo em minhas mãos poucas são as constantes... meus alicerces estão nas pessoas que amo, sempre estiveram.
Sempre esqueço de lembrar de agradecer aos grandes amigos que muitas vezes me foram tudo. Tudo cabe muita coisa, e ainda sobra espaço. Tudo talvez defina meus sentimentos.
Nesse 4 anos de tardes quentes já escrevi sobre coisas engraçadas, poemas, resenhas, contos, recentemente tive a audácia de postar uma música na voz de meu criador. Sempre quis escrever sobre tudo e tudo ao mesmo tempo, mas tudo é muito e logo vou morrer assim que fique velho o suficiente para não processar mais as substâncias orgânicas e inorgânicas que sustente a engrenagem biológica da vida.
Hoje, me lembrei do primeiro aniversário do Tardes. Escrevi o blog tinha uma função e que muitas vezes "...quando eu preciso releio meu passado aqui, meus posts escritos durante as madrugadas... e lembro que ele não está perdido ou esquecido na minha memória, que pude compartilhar ele com outros que não conheço, mas que me conhecem em parte..."
E hoje ao reler meu passado eu tenho a mais plena certeza que o que passou não está esquecido. Dizem que você morre quando a ultima pessoa que se lembra de você acaba por esquece-lo... E eu, por ser um personagem, tenho medo de ser esquecido por quem me escreve... quem vai se lembrar quando eu me for? Quando a minha história enfim terminar e eu não estiver aqui, algo será lembrado?
É estranho não é? Em um post de aniversário, eu acho q falei mais de morte do que em todos os posts desse ano. Talvez seja porque a cada aniversário, assim como a cada capítulo de um livro, temos a certeza de que o fim está chegando. Estou terminando de ler um livro de Kafka. Quando será que eu terei sido lido por completo?
Dessas coisas nós nunca sabemos, não é?
Agora no fim do post eu me sinto melhor... é a vantagem de se estar chegando ao final. Há sempre uma sensação de alívio quando se termina algo.
Acho que vou dar uma volta... você não quer vir comigo? Se você quizer eu posso ficar calado, só quero caminhar nesse fim de tarde com alguém... hoje tenho menos medo da morte do que da solidão.
Obrigado a todos que fizeram desse espaço um lugar habitável para todos os nossos sentimentos.
Trilha Sonora:
(quem souber a letra vai entender a opção desse post)
3 comentários:
Eu quero caminhar...talvez me contagie com um pouco de beleza disso tudo q escreveste. Fofo. Parabéns, de verdade! Adoro a sinceridade com q escreves. Bjão!
sou uma busca por mim, as vezes nem sei onde comecar!
e vc, ja se axou? ficou mais facil? ou mesmo com tanto conhecimento,nada dele serve pra voce se axar, ou mesmo se sentir confortavel Dr por ter seu nome em algum jaleco e assim ver pessoas que axam que um desconhecido pode ensinar o caminho dos medrosos...pois o caminho dos corajosos nao ha quem ensine!
eu nao sou uma mistura de mim, nem sou o novo, nem sou o presente...eu nao existo, sou meteoro! ninguem ve passar!
parabens se voce consegue se sentir feliz em algum fim de tarde por saber que se encontrou, que encontrou paz e todo conceito de equilibrio (que pra mim nunca existiu), parabens se voce consegue ser feliz com pouco, ou se deseja lutar por ter mais tudo da vida, por axar que ela tem lhe dado pouco ou mesmo por agradecer as atrocidades que voce ja passou, mas que lida com isso como se fossem conhecimentos que um dia seu neto ira escutar sem lhe dar a minima atencao, pois nao faz diferenca, isso sempre sera ha um bom tempo atras...
nao e a intencao entender! ninguem entende! e nada pode equacionar tantas variaveis que se aplicam na vida de um ser humano.
eu ainda pergunto : voce esta feliz? olhe ao redor, esse limite que nao existe, mas que voce insiste em criar, ele te da seguranca, nao da ne?
o que eu estava procurando, obrigado
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