domingo, janeiro 25, 2009
Explorações
Para quem ainda tem seus pais talvez possa ser difícil entender o que pretendo discursar nas seguintes linhas. O porquê das perguntas que virão, da necessidade de respostas para lembranças triviais talvez sejam incógnitas até mesmo para as quem responde.
Hoje me pergunto se as coisas das quais me lembro realmente aconteceram. Viajo em minhas lembranças e não encontro respaldos para a veracidade delas. Minha infância se perde entre os contos e histórias que ouvia de meus pais, assim como nossos filhos um dia se perguntarão se aquela mais longínqua lembrança realmente aconteceu da forma q se lembram...
Peguei-me pensando nisso enquanto arrumava velhos CDs e discos de vinil deles. Jovem guarda, jazz, Beatles, Ray Charles, Big Bands. A trilha sonora de uma época que se encontra cada vez mais distante. Uma época de final de ditadura, com um jovem militante com pouco estudo, que acreditava em uma sociedade igualitária e uma jovem recém-chegada a uma pequena cidade, começando vida nova e ávida por diversão.
Assim acredito ou imagino. O pouco que penso saber deles talvez revele o pouco que sei explicar de mim. Não enxergo no espelho as semelhanças físicas que dizem eu ter.
Boleros, a velha vitrolinha. Chego a escutar o chiado da agulha no disco de historinhas infantis que haviam comprado para mim.
Como foi aquele natal? Recupero pedaços de minha história em conversas familiares fugazes. “Ah! Isso era típico de sua mãe” – dizem com uma familiaridade que desconheço às vezes.
Sou um estrangeiro em minhas lembranças, um mal explorador de minha história pessoal cuja timidez e medo, impede que meus mitos sejam destruídos.
Tenho medo de esquecer. De ser o último receptáculo de lembranças que se esvaem como grãos de areia pela minha mão aberta.
Só mais um grão de areia na praia.
Arrastado pelas ondas do esquecimento.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Um comentário:
Esquece não.Uma lembrança que vale a pena merece ser tatuada na memória do coração. Felizes eles se puderem (e podem, tenho absoluta certeza) lembrar e se orgulhar do que aquela época provocou: tu, belo fruto! =*
Postar um comentário