Era madrugada, o tempo tranquilo. Quem havia de sair já o tinha feito a mais de uma hora atrás.
Saíram com medo, muito medo. O único que ficara queria mais, estava envolvido em algo que não tinha volta. Não queria voltar, não depois do que aparecera e lhe fora revelado pela pequena coisa que havia passado pela soleira a pouco mais de uma hora ao ser convocado por todos.
A coisa continuava lá, magnifica, inominável. E ele adorava.
Os demais correram, homens grandes a correr como meninos, exalando medo da coisa. É certo que o jornal da cidadezinha incobriu as estranhas mortes do alienista, o diretor do banco e do filho bastardo do prefeito da pequena cidade de Rios Turvos.
Porém todos ouviram gritos na noite, e muito se comentava da pequena confraria que tinham entre si e dos encontros noturnos que tinham no velho monasterio franciscano no qual o bispo se hospedava quando vinha à pequena cidade.
O próprio bispo celebrou a missa de caixão fechado dos três. Ele nunca fora tão bem em uma missa. O mês que passou na cidade foi marcado por pequenos sumiços na cidade.
A coisa tinha fome. Terminou por comer o próprio clérigo. A coisa ainda vive pelo mosteiro, impedido de atravessar as portas. Ninguém mais se atreve a por os pés por lá.
quarta-feira, junho 20, 2012
terça-feira, junho 19, 2012
Espera - do arco "Breves histórias de assassinatos e coisas obscuras"
Esperava como quem espera por algo grandioso. Olhava pelas janelas imensas de vidro o céu nublado de um Recife em junho.
Eram tempos de fogueiras. Ardia uma em sua mente. Pensava em tons vermelho-ouro do por-do-sol.
Manteve-se calmo, tinha temperança de sobra para os males da vida. Olhava a chuva escorrer pelas janelas, o tempo levemente frio. Quando criança, aguardava anciso pelos pingos de chuva.
Ria sozinho, admirava a chuva.
Hoje iria matar um homem.
sábado, junho 16, 2012
Vazio
Havia lembrado de algo da sua infância, dessas coisas que ficam perdidas na memória até que algo acontece e isso vem a tona com toda força.
Lera em um livro algo que o remetera aos livros que lia na infância.
Fumava um cigarro de cravo, nem gostava tanto, e olhava a chuva contra a iluminação do poste.
Era o cheiro de terra molhada. Sua máquina do tempo.
Ficaria ainda dez minutos a olhar vazio a chuva contra a luz. O cigarro esquecido. Aguardando o fim do mundo.
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