quinta-feira, novembro 28, 2013

Chegada – do arco “contos inacabados”




Ele era alto, lembrava um halterofilista de circo de beira de estrada. Forte e barbudo, sem músculos bem definidos.
Tinha acabado de chegar naquela cidadezinha quente, perdida em um interior do Brasil, com pessoas desconfiadas, que murmuravam a chegada do gigante bem-nutrido ao vilarejo, que não era uma cidade propriamente.
Ficara hospedado em um quarto que estava disposto em cima da loja de conveniências do posto de gasolina, ao lado da rodoviária.
O calor lhe lembrava da Índia, onde estivera anos antes. Era novo ainda, apesar  dos fios brancos nas têmporas e alguns a despontarem da barba.
Conseguiu trabalho fácil em uma construção, nas usinas da cidade, e rezava para ficar amigo de alguém, porque não aguentava  mais falar sozinho, seu próprio nome baixinho, no escuro do quarto.

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