sexta-feira, julho 11, 2014

Resenha: Água Viva - Clarice Lispector





Clarice Lispector foi a única escritora que conseguiu me aproximar minimamente do que seja o feminino, disse inominável chamado mulher, do mistério do silêncio humano que fala à todos nós.
Água viva, livro de 73, traz uma reflexão interna da personagem, uma Clarice pintora, em um monólogo existencial, perto da experiência do real do corpo, do tempo, vida e morte, através de uma imersão de sons e silêncios.
Li Água Viva para uma pessoa muito amada em seu leito do hospital. Me afundei nesse denso poema em prosa, lendo pausadamente, na esperança de que ele pudesse escutar, ou entender minimamente minha voz.
Nesse monólogo sem enredo, que também eram as nossas vidas, me perdia numa atemporalidade sem fim, sem meio, entre as quatro paredes do hospital, ao lado de sua cama.
Foi um livro do qual, após esses anos que carrego nas costas, ainda não emergi, para relê-lo.
É um livro para se viver, respirar, tomar fôlego e imergir. Talvez na esperança de se reencontrar.



Água Viva - Clarice Lispector. ed Rocco
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