Depois
de começar a ler as primeiras páginas de Ulysses,
desisti e resolvi tentar ler James Joyce de forma cronológica.
Dublinenses me
foi um espanto do primeiro ao último dos seus quinze contos. Dos textos curtos
de histórias, que nada mais eram, do que pedaços do cotidiano dos moradores da
Dublin do início do século XX, que começavam sem dar muita referência de seus
personagens e terminavam por deixar mais curiosidades do que certezas sobre o
que acabara de ocorrer, encontrei com elementos meus próprios, que de vez em
quando teimam e permanecer nos textos do Tardes Quentes.
As
lembranças da infância, as reflexões, o frio das noites de Dublin vinham até
mim muitas vezes pelas noites de ventos frios e das chuvas de julho. Joyce
apresenta personagens reais, desvelando os desejos e segredos destes, indo do
desejo desesperado em asfixiar o filho contra o peito, os segredos das relações
conjugais até o confronto com a lembrança de um amor perdido de sua esposa que
o faria refletir sobre a própria passagem do tempo e do sentindo das palavras
ditas nas festas natalinas.
Um
livro que me deu saudade assim que terminei de ler sua última frase. Dera-me
saudades de mim também, ou mais especificamente das histórias que trago comigo.
Dublinenses é
aquele tipo de livro para se ler como quem come um pedaço de chocolate,
sentindo o sabor aos poucos porque não se quer terminar. Pode ser até mal
digerido. Mas, com certeza, se quererá mais um outro pedaço depois.
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