Ele
olhava pela janela. Eram dias de chuva, enfim a chuva que demorara meses e que,
agora, dava leve toque de frio aos cômodos quase vazios da casa.
Estava
sentado em sua mesa, à olhar pela janela. Xícara vazia, livros nas estantes.
Via a chuva.
O
cheiro de terra molhada, doce. Lembrava-se da chuva de sua infância e do cheiro
doce de terra molhada do quintal, das roseiras em flor.
A
casa de sua infância. Escombros varridos do passado, as pétalas das rosas-meninas, da roseira de sua
mãe, levadas ao vento em sua memória.
Uma
velha canção de Vinícius no rádio,
sua vida em bossa nova, em um saudosismo
de quem lavoura as lembranças com esmero.
Olhando
as árvores, lembrou do Rio. Do café-da-manhã tomado na Gávea. Estava com
saudade da chuva, ela, que trazia algo perdido de si. Mensageira das pessoas e
das lembranças, nunca compartilhadas.
Súbito,
lembrou-se que era domingo. Levantou-se da mesa e foi embora com o vento.
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