Sonho:
Desejo, se
você não fosse da família...
Desejo:
Mas
eu sou.
Sonho:
Sim.
Você é.
Desejo, escute com atenção.
Lembre-se disso.
Nós,
os perpétuos somos servos dos vivos, não seus mestres. Nós existimos porque
eles sabem, no fundo de seus corações, que existimos.
Quando
o último ser vivo deixar esse universo, nossa tarefa estará concluída.
E
nós não os manipulamos. É mais correto dizer que eles nos manipulam. Somos seus
brinquedos. Suas bonecas, se preferir.
E
você... Desespero e até a pobre Delírio deveriam se lembrar disso.
Desejo:
Eu... Eu não entendo.
Sonho:
Eu temia que não
compreendesse. Muito bem.
Eu lhe direi algo que ENTENDERÁ,
irmã-irmão. Mexa comigo ou com os meus novamente, e ESQUECEREI que você é da
família Desejo.
Você se julga forte o
suficiente para ficar contra MIM? Contra MORTE? Contra DESTINO?
Desejo:
Não.
Sonho:
Lembre-se disso da próxima
vez que se sentir inspirada a interferir nos meus assuntos.
Lembre-se bem.
“E
Desejo caminha pelas câmaras de seu coração. Ela caminha pelo Limiar, sua
cidadela e sua proteção. E se pergunta:”
Desejo:
O que ele quis dizer? Que nós somos
brinquedos deles?
Os seres humanos são criaturas de
Desejo. Eles se contorcem e se dobram conforme minhas exigências. Se eu
pensasse de outra forma, teria enlouquecido, como Delírio. Ou abandonaria meu
reino como nosso irmão perdido.
Pobre Sonho...
Eu realmente o incomodei dessa vez.
(Gaiman, Neil. in: Sandman: A casa de bonecas. Ed. CONRAD -
VERTIGO, p. 226-227)
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