terça-feira, julho 16, 2013

A casa de bonecas






Sonho:
Desejo, se você não fosse da família...

Desejo:
Mas eu sou.

Sonho:
Sim. Você é.
Desejo, escute com atenção. Lembre-se disso.
Nós, os perpétuos somos servos dos vivos, não seus mestres. Nós existimos porque eles sabem, no fundo de seus corações, que existimos.
Quando o último ser vivo deixar esse universo, nossa tarefa estará concluída.
E nós não os manipulamos. É mais correto dizer que eles nos manipulam. Somos seus brinquedos. Suas bonecas, se preferir.
E você... Desespero e até a pobre Delírio deveriam se lembrar disso.

Desejo:
Eu... Eu não entendo.

Sonho:
Eu temia que não compreendesse. Muito bem.
Eu lhe direi algo que ENTENDERÁ, irmã-irmão. Mexa comigo ou com os meus novamente, e ESQUECEREI que você é da família Desejo.
Você se julga forte o suficiente para ficar contra MIM? Contra MORTE? Contra DESTINO?

Desejo:
Não.

Sonho:
Lembre-se disso da próxima vez que se sentir inspirada a interferir nos meus assuntos.
Lembre-se bem.

“E Desejo caminha pelas câmaras de seu coração. Ela caminha pelo Limiar, sua cidadela e sua proteção. E se pergunta:”

Desejo:
O que ele quis dizer? Que nós somos brinquedos deles?
Os seres humanos são criaturas de Desejo. Eles se contorcem e se dobram conforme minhas exigências. Se eu pensasse de outra forma, teria enlouquecido, como Delírio. Ou abandonaria meu reino como nosso irmão perdido.
Pobre Sonho...
Eu realmente o incomodei dessa vez.








(Gaiman, Neil.  in: Sandman: A casa de bonecas. Ed. CONRAD - VERTIGO, p. 226-227)


Nenhum comentário:

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

Quem procura...