P.J. Harvey
Volto
por aquela rua escura que vai dar em meu apartamento.
Estou
sozinho e levo em uma sacola a comida japonesa que comprei pra jantar. Está tão quente essa noite.
Caminho
cansado, por estar preocupado, por um instante me dar conta que a fome assola
bem perto, pelos assassinatos e pela maldade que ronda os entornos de todos os
lugares, por saber do garoto que foi morto por gostar de outros garotos, pelos
esquecidos dos discursos políticos.
E
eu caminho só, me perguntando a diferença que eu poderia fazer, sem poder. Eu caminho
em silencio e rezo, mesmo sem acreditar em Deus. Rezo porque tenho medo, de não
me importar mais. Escuto Horses in my Dreams e continuo com medo.
Medo
de tudo aquilo que mostra a vida de forma agressiva, como os cavalos de que
tenho medo. Por si só, respirando, o coração batendo forte e os olhos negros,
como que ferisse só por estar vivo.
“Horses in my dreams
Like waves, like the sea
They pull out of here
They pull, they are free”
Sinto
o suor ensopando minha barba cheia, pesada, pela rua escura, carregando meu
jantar em uma sacola. Como está quente!
Estou
velho em com medo. De tudo que é importante e femero.
Porque
a música acaba e meus pensamentos somem, junto comigo na escuridão da rua.
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