quarta-feira, abril 16, 2014

Meu amigo super-herói (*por Luiz Marcelo Oliveira)




Carcaju é o animal do Wolverine. 

Foi ele que me contou e assim o batizei.

Amigo de verdade. Que a gente confia, abre o peito e navega o Recife Velho. Costeletas fortes, cabelos compridos e olhos de abraço.   

- De agora em diante vou te chamar de caju!

No íntimo éramos dois jovens alegres e curiós. Mas havia o compromisso com as estórias tristes. E por costume e paixão a gente se vestia de dor. Nunca vi homem tão doce. Por que se esforçava triste? Tem agressividade no coração dele? Tem nada. No meu é que tinha. 

Foi ele que me apresentou os super-heróis. Gibi não era coisa de criança? Eita mania estranha de querer ser adulto por fora. Caju também tinha identidade secreta. Acolheu meus lamentos como um jardim aquecido que a nada se opõe. Fantástico superpoder. O resto não conto porque todo herói precisa de zelo.

Vi meu amigo cicatrizar machucões impossíveis. Wolverine.

Quanta força num semblante meigo!

Esse coração quente de outono é pra mim um refúgio. Brisa terna. Ele me sorri sem afetação: calmo e pleno. É quando sei que nada me falta. Preciso só recolher minha pressa, meu obcecado desejo de mudar o mundo e simplesmente tomar um chá com meu amigo. É uma tarde nublada. A gente até gosta do beijo gélido da boca do vento. Ficamos em silêncio. Alguém invisível nos traz a confiança serena de que tudo vai bem.





*Luiz Marcelo Oliveira é psicólogo, músico e escritor do blog “Um Curso em Milagres – Brasil”, além de um Superamigo




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