Carcaju é o animal do
Wolverine.
Foi ele que me contou e
assim o batizei.
Amigo de verdade. Que a
gente confia, abre o peito e navega o Recife Velho. Costeletas fortes, cabelos
compridos e olhos de abraço.
- De agora em diante vou te
chamar de caju!
No íntimo éramos dois jovens
alegres e curiós. Mas havia o compromisso com as estórias tristes. E por
costume e paixão a gente se vestia de dor. Nunca vi homem tão doce. Por que se
esforçava triste? Tem agressividade no coração dele? Tem nada. No meu é que
tinha.
Foi ele que me apresentou os
super-heróis. Gibi não era coisa de criança? Eita mania estranha de querer ser
adulto por fora. Caju também tinha identidade secreta. Acolheu meus lamentos
como um jardim aquecido que a nada se opõe. Fantástico superpoder. O resto não
conto porque todo herói precisa de zelo.
Vi meu amigo cicatrizar
machucões impossíveis. Wolverine.
Quanta força num semblante
meigo!
Esse coração quente de
outono é pra mim um refúgio. Brisa terna. Ele me sorri sem afetação: calmo e
pleno. É quando sei que nada me falta. Preciso só recolher minha pressa, meu
obcecado desejo de mudar o mundo e simplesmente tomar um chá com meu amigo. É
uma tarde nublada. A gente até gosta do beijo gélido da boca do vento. Ficamos
em silêncio. Alguém invisível nos traz a confiança serena de que tudo vai bem.
*Luiz
Marcelo Oliveira é psicólogo, músico e escritor do blog “Um Curso em Milagres –
Brasil”, além de um Superamigo
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