Para
fechar o mês, estou postando a primeira de (espero) muitas resenhas de livros
legais, que li e gostaria de indicar. Essas resenhas serão muito mais pessoais
do que pretensamente acadêmicas, porque já basta das pretensas identidades nas
quais nos travestimos no dia-a-dia. Espero que gostem.
Carrie
Esse
livro foi um dos livros da minha adolescência, dessa entrada na vida adulta da
qual você ainda mantém laços com as fantasias e terrores de uma época breve,
mas que ainda mantém seus restos no nosso imaginário.
Foi
o livro de estreia do Stephen King, em 1974, que conta a história de Carrie
White, aluna do secundário de um colégio o Maine, filha de uma mãe
fundamentalista religiosa, que descobre ter poderes telecinéticos em meio ao
turbilhão de emoções, vindas na adolescência.
O
livro tem uma linha cronológica póstuma, uma vez que usa trechos de documentos
(ficcionais) sobre o “Caso White” para estruturar o enredo, que será recontado no
preenchimento dessas lacunas, trazendo os pormenores e motivações dos personagens.
Carrie
sofre diversas perseguições e humilhações por ser diferente, por não se
encaixar nos padrões sociais de um colégio dos anos 70. Sua entrada tardia na
puberdade, as pressões sofridas no colégio e no interior de sua própria casa
acabam por desencadear o horror.
Carrie.
O li durante as férias de janeiro, ao som de “Clarisse” da Legião Urbana, que
coincidentemente casou com a temática do livro. Era um livro que também falava
sobre mim, salvo todas as devidas referências à ficção científica e ao feminino.
Era
um livro sobre o horror, o horror que desencadeia o horror. Pobre Carrie que,
sendo a assassina, foi a que mais sofreu; que sua telecinesia nunca fora páreo
para os olhares indiferentes, os risos de escarnio; que o horror vinha dos
jovens, perfeitos, angelicalmente sádicos.
Revisitando-o,
anos mais tarde, já adulto, me deparei com uma breve introdução do próprio
autor sobre o motivo que o levou a escrever esse, que seria apenas um conto
para ter grana para comprar fraldas. Ele o escreveu para duas meninas, as quais
ele conheceu em sua infância, as quais foram vítimas do mesmo horror presente
no seu livro. Elas, as quais ele não revela os nomes verdadeiros, não chegaram
a tornarem-se adultas, ambas suicidaram-se jovens em anos diferentes.
Um
livro que mostra o horror dos normais, o horror dos que sofrem e que também
machucam. Um horror que nos convida a pensar e sentir.
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