Ando pelas ruas frias do Soho. Encontrei um brasileiro perdido, com o mapa de Palermo hollywood. As vezes parece que tem mais brasileiros do que argentinos na Argentina.
Uma idéia me passa pela cabeça: de que somos invisíveis aos portenhos. As moças belas passam ignorando os olhares estrangeiros, idosos caminham impecavelmente bem-vestidos, casais de todas as idades fazem suas caminhadas e deitam-se na grama, à procura de sol. Só os cachorros é que acabam por nos dirigir alguma atenção, atrás de um afago, um carinho dessas pessoas extremamente perfumadas, encapotadas e necessitadas de atenção.
Faço minhas coisas, escuto uma velha música pelo fone, enquanto me perco por entre a multidão de leitores do metrô. Estoy solo con mis libros, entre las personas solas con sus libros - arranho um pensamento castelhano.
Faço o caminho de casa e olho os outros, como um antropólogo que estuda culturas estrangeiras para entender a si. Procuro por olhares que retribuam os meus, sem sucesso.
Volto a pé pelos jardins de Palermo, tentando me aquecer do frio, mais interessado pelos cachorros do que pelos humanos.
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