sábado, janeiro 28, 2012

Cafuné ou Escuto a música de uma nave que se aproxima


O fato é que ando fazendo novas ilustrações e voltei a ter vontade de mexer no Photoshop. Não que eu tenha habilidade com cores, luz e sombras, mas que tem me dado vontade de brincar com algo além do preto e branco, ah isso tem.

Após uma semana de perdas tive o grande presente de estar reunido com amigos e seus cachorros no sábado. É ótimo ter amigos artistas, compadre e comadre então nem se fala. Tarde colorida, chuva só no finalzinho, clima agradável, grama, crianças e cachorros.

Levei um cachorro invisível, só eu podia vê-lo. Ficou brincando por lá, cheirando os outros cachorros sem eles perceberem. Ah danado! Voltou comigo no carro sem problemas.

Falei com Lula que andava com vontade de desenhar novamente e que pensei em fazer alguma brincadeira com as músicas da banda dele: A nave




Banda bacana, com músicos extraordinários. As músicas então... cotidiano real, nossas vidas. Do pancadão ao passeio pela praia com o cachorro Oscar.

Pra terminar esse post de agradecimento pela ótima tarde de sábado, uma música dA Nave (é só apertar play).




 

Você pode encontrar A Nave em: anavemusica.com.br/
Download do EP Clicando Aqui

quarta-feira, janeiro 18, 2012

Irmãos em linha reta

Arquivo Pessoal

Trilha Sonora: Mother Goose - Jethro Tull

Estou dirigindo pela avenida em linha reta. Escuto Jethro Tull e Joan Baez com meu irmão ao lado.
Pergunto quando vamos montar finalmente a Blues Brothers Company para tocar-mos versões do Jethro Tull e violão e flauta transversal somente, então ele ri e diz que eu é que não chamo pra ensaiar.
Janelas abertas, o vento bate enquanto conversamos sobre sobreposições musicais em harmonia. Rimos de nós mesmos, como se não nos víssemos há muito tempo. Realmente não nos vemos a tempo. Não vivemos mais no passado.
Somos irmãos, estrangeiros em uma cidade que nos acolheu e nos ensinou muito, ainda ensina. Acelero o carro em linha reta, escutamos Mother Goose, Boureé, Locomotive Breath, The Whistler.
Conversamos digressões em cima de digressões, como se a vida não fosse feita de bifurcações de bifurcações anteriores. Digo pra ele ter cuidado quando for trabalhar de bicicleta. Ele conta sobre os banhos de lama que já tomou dos carros em dias de chuva. Eu rio.
Estou lhe dando uma carona para casa, ele me dá aulas de folk music. Logo estamos falando das intemperanças das nossas histórias, dando voltas nessa coisa que tende a se repetir, nesse eterno retorno do que se perde nas entrelinhas das histórias de todos nós.
Chegamos, apertamos as mãos e recebo um obrigado.
Ensaio marcado nesse sábado.

terça-feira, janeiro 03, 2012

A menina e a mariposa*


Arquivo pessoal



Ela continua com medo de mariposas... mariposas enormes e apavorantes... talvez as mesmas mariposas que a perseguiam quando criança... mariposas que entram pela janela do seu quarto.
Ela ri ao contar isso... já não é a menina que corria das mariposas...
As mariposas, hoje, assumem outras formas...
Trovões, trovões... nenhuma chuva vem... isso é normal? Os trovões não me metem tanto medo assim... mais medo dão as expectativas que ela tem.
E nessa brincadeira de seguir em frente, ela encontra suas mariposas... quando sai o resultado do vestibular?... e nesse carnaval?... fantasia-se de pierrot ou arlequim?
Bobagens, isso é só parar rir. Imagine-a fantasiada, com certeza seria engraçado, engraçado como seus trocadilhos e sarcasmos difíceis de entender, que ela, vez por outra, tem de explicar e acaba por ficar mais engraçado do que se fosse entendido.
Uma pílulazinha aqui pra melhorar o humor, outra ali para que seu corpo funcione direitinho... lamenta-se por não poder doar sangue e disserta uma breve aula sobre fatores Rh e eritroblastoses fetais... quem não se divertiria com essa pequena aula de biologia?
Ela o encontra, fala com ele, sobre ele, diz o que sente para ele... e aos poucos vai percebendo que harmonia não consiste em uma estabilidade imutável, mas sim numa instabilidade que se auto-organiza... e ela aprende mais sobre si e sobre ele... porque tudo o que ela passa serve de aprendizado, embora, algumas vezes, ela não perceba.
Aprendizado para o futuro. Para no futuro voltar a ver e dizer o que sente ao primeiro homem que a beijou e lhe pegou nos braços... para, no futuro, lembrar das mariposas que entravam pela sua janela. Mas, por enquanto, ainda é futuro.
No presente ela toma café com sua mãe otimista, que leva a vida entre bombardeios de filosofias e assuntos vestibulares... conversando com ela e vivendo pequenos momentos ao lado dela, que vez por outra, esquece como é especial. O cotidiano nos prega essas peças mesmo.
Ela me contou uma vez que tinha medo de mariposas, e eu ria.
Uma das últimas mariposas que a perseguiu estava tentando tomar suas palavras, e ela tinha medo de não poder escrever mais. Mas mariposas não podem roubar palavras. Talvez ela tenha roubado um pouco de sua visão, agora que olhava as palavras que escrevia e que não mais gostava. Mas os olhos que se deve usar nesse caso são outros...
Ela, talvez, tenha cobranças demais, por parte dela, por parte dos outros. Vi num documentário que as mariposas sentem o cheiro das cobranças, porém no mesmo documentário falava das compreensões das mariposas. Dizem que as mais assustadoras são as mais compreensíveis.
Que surpresa seria quando a mariposa novamente entrasse pela janela do seu quarto e ela dissesse: “Você me mata de medo mariposa! Por que você faz isso?” e a mariposa retrucasse: “Me desculpe. Eu não sabia que você se sentia assim. Na verdade você nunca tinha dito nada, só saía correndo quando eu a encontrava”.
“Então você não vai me fazer mal?”.
“Não, de forma alguma. Nunca foi minha intenção”.
Que surpresa seria encontrá-la na cozinha, tomando café e conversando.
E, ao final da conversa, a mariposa a perguntar se poderia visitá-la novamente, enquanto ela, meio receosa: “Tudo bem... só avisa antes da próxima vez, ta? Ah, sim! E pode usar a porta da frente”.

*Texto de 2006, publicado no antigo Tardes Quentes de Outono
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