sábado, junho 25, 2016


São duas da manhã. Escrevo.
Conto uma história perdida, um conto bem curto, porque não consigo concatenar mais do que dois ou três personagens.
Não escrevo tão bem quando estou tomando remédios. Me fogem as letras da história que tento escrever.
Pequenos fragmentos aleatórios que junto, tentando dar coesão à algo que não fora planejado. Paro e respiro, volto a história. Besteira, apago ela por completo da tela do computador.
Eu não sei escrever, essa é a verdade. Pego emprestado entonações dos outros, minha escrita não tem sotaque, é de lugar nenhum, como eu.
Abito o momento em que abito, não tenho fé em nada, além do amor que sinto por ela. Acendo um cigarro, tomo remédios pra dor, escuto 
Portishead, sinto a chuva que apaga as fogueiras das ruas.
Olho o mundo do alto dos meus quase dois metros, não tenho respostas para as perguntas, porque não tenho perguntas. Sinto a chuva. Apago o cigarro e torço para os remédios fazerem efeito.
Esqueço do conto, não tenho ânimo para escrever outra coisa.
Volto pra cama, sei que ela vai embora daqui a poucas horas.
Abraço-a perdendo-me no cheiro de seus cabelos, noite a dentro,
adentro.
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