quarta-feira, julho 28, 2010

Giz de Cera




Chego já de manhã. Faço o caminho contrário dos que lotam os ônibus e as avenidas de carros para o centro da cidade.
Meu ônibus é mais vazio, mas minha alma volta mais cheia. Preciso agradecer mais, a conversa com a menina que tem medo de mariposas me mostrou isso.
Enquanto caminho por entre as poças de água da chuva de ontem, penso no que a Jornalista escrevera sobre a aurora da vida e agradeço. Agradeço, com se agradecer sem dizer uma única palavra fosse ensurdecedor.
O sol nasce por detrás do meu prédio, batendo nas copas úmidas e barulhentas das árvores da rua. Estou com sono e ela ainda está dormindo. Por vezes fazemos o caminho inverso.
A escadaria pela qual eu subo na companhia da uma gata rajada em tons de branco e baunilha será a mesma a ser percorrida por ela, sempre com pressa. Meu subir é lento e preguiçoso.
Abro a porta do seu quarto e digo que vai se atrasar. Ela levanta o polegar e volta a dormir, logo estará correndo para não perder a hora. Lembro-a de que combinamos de ir à academia juntos, que precisamos perder peso. Ela quer fazer dança de salão. Eu desconverso.
Beijo rápido. Bom trabalho. Me liga mais tarde pra dizer se está tudo bem. Deixei o almoço pronto, não vá comer besteira. Você também.
Vou para a varanda, não consigo dormir pela manhã. Cantarolo uma velha canção de Chet Baker.
Estou com preguiça.
Deito na rede, folheio o livro que comprei no fim-de-semana e pela varanda vejo o mundo que colori com giz de cera.

terça-feira, julho 06, 2010

Casa Forte




Café, batata, terça-feira. Na verdade é quinta. Caminhei alguns quilômetros.

Meu irmão me fala sobre “A noite do espantalho”, eu não me lembro como era o final, então ele me explica e logo estamos falando de música.

Minh’alma voa longo ali e volta, enquanto passamos pelas árvores e prédios de Casa Forte. Rimos.

Somos crianças novamente a conversar. Caminhamos alguns quilômetros porque erramos parte do caminho, então, enquanto fazemos o caminho de volta, penso que muita coisa já está melhor.

Sou presa do seu sorriso fácil. Sorriso que brota do seu semblante fechado, junto com aquela lembrança de quando se era garoto e o mundo parecia menos perigoso, da segurança do nosso quarto, cheio de gibis e desenhos nas folhas de papéis espalhados pelo quarto.

Estamos quase chegando.

Ainda somos garotos a se empurrar e rir nas ruas de Casa Forte.





Trilha sonora:

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