quarta-feira, julho 30, 2008

Notícias


Bem...
Depois de semanas corridas de preparação e expectativa, eis que chegou o dia. E eis que esse dia já foi a 4 dias.
Um lindo fim de tarde com amigos, apresentações, um pouquinho de vergonha do palco e muito a ser compartilhado.
Estou feliz, e novos projetos já foram iniciados.
Enquanto preparo os novos textos do tardes quentes convido a todos a darem uma passeada pelo site do grupo do qual meu autor participa.
Lá vocês poderão encontrar fotos da divulgação na livraria, clipes e as propostas do grupo, assim como material exclusivo que podem ser adquiridos.
Estão todos convidados.

http://grupoartesa.blogspot.com

quarta-feira, julho 09, 2008

Notícias e convites




Após alguns contos, voltemos à realidade (pelo menos não a minha realidade fictícia).
Das novidade que já não trago muito ultimamente, tenho a felicidade de informar que meu autor está a todo vapor na produção de um livrinho infantil independente, parceria dele e do Castor Luiz. Livrinho com direito a lançamento em livraria, apresentação com violão e teclado, historinha ao vivo e pintado a mão separadamente.
Pra quem tiver interesse, convido todos para o lançamento do livrinho no dia 26 de julho (sábado), às 17h no auditório da Livraria Cultura em Recife, na Rua Madre de Deus s/n (do Lado do Paço Alfândega) no Recife Antigo.
Eu estarei lá com certeza. =]

terça-feira, julho 08, 2008

Sessão contos antigos - "A canção da madrugada (asas azuis)"



A trinta anos atrás, quando o mundo ainda era mundo, antes dos muros caírem, antes de esquecermos quem somos, um passarinho azul pousou em meu ombro.
Ele ficou ao meu lado durante três anos, e depois de termos ficado amigos, em uma madrugada clara, com uma bicada forte ele roubou meu olho e saiu voando. Eu ainda podia ver os nervos do meu globo ocular saindo do bico do pássaro que se afastava rapidamente naquela madrugada clara.
Bandido.
O procurei por dez anos, tentando achar o meu olho roubado, tendo como última visão suas asas azuis e os pingos de sangue que caiam como pingos de chuva no chão. Só o encontrei do décimo terceiro ano da minha procura. Meu olho se situava na barriga de um peixe cordial que havia pescado.
Disse-me que o pássaro azul havia morrido logo aos negociar meu olho por um grão de areia do fundo do oceano com ele. Pedi então para que me devolvesse o olho, implorei muito. Mas o peixe cordial se negava a entregá-lo e olhava para mim.
Olhava bem para o meu rosto, para a cavidade ocular exposta e para o tapa-olho que cobria meu olho bom.
Perguntou-me:
- Por que você cobre o olho bom e vez do outro que foi arrancado? Por que andas por ai esse tempo todo como um cego? Poderia viver muito bem sem o outro olho.
Então lê respondi prontamente que havia preservado a visão do outro olho para que ele não visse coisas a mais nem diferentes da do olho roubado. Permaneci cego para que quando finalmente achasse meu outro olho, eles pudessem enxergar o mundo juntos. Imagine um lho que vê o mundo de antigamente e outro que enxerga o mundo de hoje.
Pedi que acabasse com meu sofrimento e me devolvesse o olho roubado. Então o peixe cordial o devolveu e o coloquei novamente no lugar.
Quando abri os dois olhos me arrependi profundamente de ter abandonado minha escuridão.
O mundo não era mais o mundo, não haviam mais ciprestes e pinheiros, apenas cidades de concreto vazias, com uma atmosfera esverdeada e corpos de pessoas caídas no chão claramente em estado de putrefação. Autofalantes proferiam um discurso militar em uma língua estranha e vultos passavam rapidamente entre os becos dos prédios destruídos pela explosão.
Então chorando, voltei meus olhos para o peixe cordial. Queria saber o que tinha acontecido ao meu mundo. Eis que o que via na minha frente não era um peixe, mas sim uma raposa risonha, que dava gargalhadas de minhas lágrimas, me dizendo:
- Esse mundo não é seu, mas era que você procurava seu cego tolo.
Com raiva arranquei meus dois olhos enquanto o sangue escorria pela minha face, rubro, extremamente rubro.
Peguei o peixe cordial e o comi, enquanto ele gritava e pedia piedade. Peguei sua pequena cartola, pus meus olhos no chão e pisei neles com força sentindo o líquido aquoso que ficava dentro deles molhar meus pés calejados. Podia sentir como eles eram gelatinosos e quentes.
Retirei minha roupa ensangüentada, abri mus braços e deixei as penas azuis crescerem. Então com meu bico, comi s resto dos nervos dos olhos espatifados no chão, pegava-os com minhas pequenas patas e comia-os com desespero.
Pus minha cartola e voei cego por entre os ciprestes e os pinheiros...
Voei até pousar cansado em um galho macio, que logo descobri ser o ombro de alguém. Alguém que fiquei amigo em menos de três anos , alguém do qual o sangue eu provei ao bater as asas durante uma madrugada clara e fria, levando em meu bico algo gelatinoso, quente, fibroso, algo que desconheço o que seja agora, mas que estranhamente eu sinto que irá matar essa pessoa que gosto.
Então abro mais minhas asas azuis e vôo rapidamente para longe. Mas não vejo para onde. Nunca vejo.
Sou um pássaro cego afinal.

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Texto antigo (dos idos de 2005), quando o TQO ainda se hospedava no terra.
Saudades de textos antigos... ando revisando alguns

quarta-feira, julho 02, 2008

Amizade - Terceiro e último conto do arco "Histórias para dormir"


- Alô? Sebastian? Que horas você vai estar livre?

- Hum... talvez lá pelas onze.

- Ok, passo ai pra te ver.

- Ok.

- Tchau.

- Tchau.

Como seria estar em sua cabeça?- se perguntava Sebastian, enquanto guardava seus livros no escaninho da biblioteca.

Logo estava sentado no banco de pedra, em frente ao campus, vendo a grama recém cortada. Sua cabeça estava vazia e seus óculos de aros grossos caiam sobre o seu nariz. Estava cansado.

Fechava os olhos por vezes, e de repente o sono vinha, mas só para deixá-lo embaraçado quando percebia que estava cochilando sentado.

A grama verde recém cortada parecia cantar quando o vento forte do início da tarde passava. Dia quente das manhãs de novembro. Seus olhos cerravam vezes mais.

Belle em pé na sua frente, pálida como sempre, segurando uma cesta em uma mão e uma toalha quadriculada na outra, mais parecia um fantasma vindo do nada.

- Hã?! O que é isso?!

- Trouxe a comida. Cadê o vinho?

- Que comida? Que vinho? E esse pano xadrez?

-Deu o maior trabalhão preparar isso aqui. Afinal o que é um piquenique sem toalha, sem cestinha e principalmente vinho? Bem, acho que esse está mais para um piquenique sóbrio pelo visto. Vamos comer ou não?

- Não adianta discutir com você não é? – falava como quem e dava por vencido.

-Não – dizia ela enquanto franzia a testa e tentava enxergar um local com sombra. Vamos pra lá.

Os sanduíches não eram dos melhores, mas tinham um sabor que raramente se encontrava. Cumplicidade.

Ele recostado na árvore de troco grosso e galhos retorcidos, cantava baixinho uma música que um amigo tinha composto em francês e que falava sobre amizade. Ela. Com a cabeça em seu colo pôde finalmente dormir sem precisar recorrer aos velhos amigos espalhados pelo chão do seu quarto, precisava apenas de alguém em que pudesse confiar.


Trilha sonora:



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