quinta-feira, outubro 17, 2013

Entes queridos

O futuro guardava muita coisa ainda por vir naquela primavera do outubro.
E eu me lembrei de você, ó maninha, porque aqui já não estava e deixara muita saudade aos teus amigos, com os quais me encontrava quase que diariamente.
Então olhei ao redor e rezei, ó maninha. Para quem, não sei, porque não acreditávamos nos deuses, mesmo sabendo que todos eles existiam nos pormenores daquilo que ignorávamos. Pedi por proteção para nossa mãe.
            Voltando pelo corredor de árvores em flor, também me lembrei de mim e da conversa que tive sobre os avanços da tecnologia e de como éramos povos primitivos em um futuro-presente.
Da incompatibilidade das lembranças dos nossos filhos e das nossas próprias, do Homo sapiens sapiens que não reconhece a si mesmo em nós primitivos, de valores e lembranças primevas perdidas.
E, cansado da labuta, da luta pela sobrevivência sentei na varanda, a coçar a barba por fazer, sem pensar em nada. Olhei os gatos a andarem sobre os telhados das casas.
Acendi um cigarro escondido e brindei a você e a todos os demais entes queridos que, a bem da verdade, nunca se foram.


BELLE AND SEBASTIAN - THE STATE I AM IN


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