segunda-feira, março 31, 2008

À la recherche du temps perdu















Introdução

Não, não estou querendo me comparar a Proust de forma alguma.
Mas como não se identificar quando nos últimos dias eu viajei para o meu passado? Não que eu estivesse em busca de um tempo perdido.
Não acho que perdi tempo, mas que nessa volta ao passado pude relembrar coisas que a muito andavam esquecidas...
Hoje começo um relato que talvez se estenda por mais de um post de blog. Pra mim, já somam páginas e páginas de minhas lembranças.
E pra quem tem curiosidade do passado desse humilde personagem, talvez possa saciá-la um pouco.

Capítulo 1 – Explicações

Não sou originário da cidade velha da Capital do Estado, disso sou bem certo e deixei diversas vezes claro, em anos anteriores a esse relato. Na verdade sou filho de uma pequena ilha no interior de um enorme Estado, que faz divisa com mais três outros Estados. Meu estado de espírito sempre foi indefinido.
De minha infância, conto nos dedos os momentos e pessoas especiais que poderiam me trazer um sorriso aos lábios, já levemente secos pela idade. Similarmente a pequena ilha, meu coração era uma ilha de pequenos sentimentos bons, cercado de ira, e assim como a cidade velha hoje me transbordo de minha própria cultura, com uma alma colorida por cima de casarões velhos, becos sujos e noites perigosas, assim como dias de mormaço e muito trabalho com boas risadas com amigos no fim da semana.
Mas chegara o fatídico dia de retornar por alguns dias a velha ilha para resolver certos assuntos que repousam acima de velhos temores. Assim como a Morte, que uma vez a cada 100 anos se torna mortal para entender melhor seu trabalho, tive de retornar a “terra dos vivos”.
Tive medo.


Capítulo 2 – Viagem

Levei comigo minha esposa Francine e sua mãe.
Chuvas torrenciais durante a madrugada castigavam nossa condução rumo à pequena ilha, e durante a noite tive sonhos de lembranças distantes. Meus demônios comiam minhas vísceras a cada quilômetro de viagem. Uma ânsia e um repúdio tomavam conta do meu corpo, que mais parecia ansiar pelo descanso vindo com a chegada.
Serras, vegetação agreste... tudo alagado pela chuva que me acompanhava, e enquanto isso lembrava das luzes de minha infância, do meu pai dando os primeiros laços para me levar para o maternal a pé pela pequena cidade, da segurança de encontrar minha mãe ao chegar da aula.
Esses momentos eram os piores do sonho, pois ao acordar repentinamente com o balanço do ônibus fitava apenas a cadeira da frente ao som da tormenta e em meio ao breu que tomava conta do ônibus. Por um momento eu olhava Francine, colhida de frio na cadeira ao lado, dormindo com dificuldade e me sentia mais confortável...
Chegamos à ilha às 3 horas de uma manhã fria e escura de uma sexta feira...




Continua

2 comentários:

Renatinha disse...

Nossa, voltar ao passado parece tão mais assustador, às vezes, do que ir ao desconhecido. Mas, no fim das contas, é sempre bom. Assim eu creio. Conta mais. =*

Anônimo disse...

"He who learns must suffer. And even in our sleep pain that cannot forget falls drop by drop upon the heart, and in our own despair, against our will, comes wisdom to us by the awful grace of God." ---Aeschylus

Aren't people strange creatures? We are made in such a way that we must know and then embrace suffering, first our own then that of others, if we are to become fully ourselves.

Perhaps in reality we are all boxers? tinyurl.com/2oxg2j

FSR
Off topic... I played She's Leaving for my husband. He was surprised the Beatles had a version he hadn't heard before. :) You are good!

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