domingo, agosto 10, 2008

Pecados

A tentação de Santo Antônio - óleo sobre tela,1946 - Salvador Dali














De repente é como se durante esses dias eu estivesse no limbo...

Gastando uma energia imensa em nada, nada que pudesse ser compreendido, nas confissões da noite feitas por eles. E eu, feito um padre que escuta o pecado por detrás das pequenas grades de palha, não tinha como absolver ninguém, nem a mim.

Meus pecados eram piores, piores por não se sobrepor aos de ninguém, por não terem nada de “minha culpa, minha máxima culpa”.

Eu escutava seus pecados e tentava dar orientações, como alguém que nunca fui. Parecíamos uma família russa em um drama típico de Dostoiévski.

Os irmãos Karamazov, diriam alguns. Não. Assassinatos, não. Assassinos não.

Cada um contando de seus males e arrependimentos.

E por um único instante pareciam se reconhecer, e entender da dor do outro. Os irmãos apenas se entreolhavam em um silencio mais esclarecedor do que meras palavras.

Algo entre as sombras parecia ir de encontro a uma luz de vela naquela noite de agosto.

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